Na noite desta quarta-feira (15), faleceu aos 87 anos o radialista esportivo Washington Rodrigues. Conhecido como Apolinho, o apresentador e comentarista da Rádio Tupi estava internado no Hospital Samaritano, na Barra da Tijuca, para tratar de um câncer. Ainda não há informações sobre velório e sepultamento.
Washington Carlos Nunes Rodrigues nasceu no Rio de Janeiro em 1º de setembro de 1936. Na juventude, dividia seu tempo entre trabalhar como bancário e atuar como goleiro de futebol de salão, defendendo o extinto Raio de Sol, de Vila Isabel. Sua carreira no rádio começou por acaso. Durante a recuperação de uma lesão que o impedia de jogar futebol de salão, ele foi convidado pela Rádio Guanabara para prestar consultoria sobre o esporte.
“O futebol de salão é um esporte brasileiro. Eu fui para mostrar como eram as regras, apresentar jogadores e dirigentes”, relatou Apolinho em uma entrevista ao Museu da Pelada em 2017.
Destacando-se na função, Apolinho foi convidado a participar de um programa na rádio. Mais tarde, surgiu outra oportunidade quando dois jornalistas transmitindo um jogo entre Vasco e Bonsucesso no Maracanã brigaram ao vivo. O diretor da rádio suspendeu a dupla por 15 dias e pediu a Apolinho para cobrir as partidas de futebol nesse período.
Com o fim da suspensão, os jornalistas retornaram ao trabalho, e Apolinho passou a fazer a reportagem do futebol de aspirantes. Em 1966, tornou-se profissional na Rádio Nacional, onde ficou até 1969, quando ingressou na Globo. Desde então, trabalhou nas Rádios Continental, Vera Cruz, Tupi e Nacional.
Apolinho também atuou fora do rádio, sendo colunista dos jornais O Dia e Meia Hora, além de participar de diversas emissoras de televisão aberta, incluindo TV Globo, TV Tupi, TV Rio, TV Excelsior, TV Educativa, Rede Manchete, Record TV e CNT. “Minha paixão mesmo é o rádio”, afirmou ele à Rádio Tupi em 2021.
Origem do Apelido Apolinho
O apelido surgiu quando trabalhava na Rádio Globo, que adquiriu os equipamentos de comunicação dos astronautas da missão Apollo 11 da NASA. “O apelido veio do microfone. O microfone se chamava Apolinho, porque era usado pelos astronautas na missão Apollo 11. A rádio comprou aquele equipamento. Então, deu ao microfone o nome de Apolinho. Aí o Waldir Amaral, que era o narrador, falava: ‘Lá vai o Washington Rodrigues com o seu Apolinho'”, contou o radialista ao Museu da Pelada.
Treinador e Dirigente
Em 1995, Apolinho atuou como técnico do Flamengo, ano do centenário do clube, sob a presidência de Kleber Leite. “Achei que o Kleber queria minha opinião sobre a indicação de um técnico. Minha sugestão era o Telê Santana, mas ele me disse que o escolhido era eu”, contou Apolinho à ESPN em 2019. “Aquilo foi uma convocação. Eu tinha de ir. Saí da arquibancada para comandar minha paixão.”
Segundo o site ‘Fla Estatística’, ele comandou o time em 26 jogos, com 11 vitórias, oito empates e sete derrotas. Em 1998, voltou ao Flamengo como dirigente, mas no ano seguinte retornou à Rádio Tupi, onde comandava o “Show do Apolinho”, transmitido de segunda a sexta-feira das 17h às 19h, formando uma parceria de sucesso com José Carlos Araújo, o Garotinho.
Rubro-negro Amado por Todos
Embora fosse torcedor declarado do Flamengo, Apolinho sempre mostrou imparcialidade, ganhando o respeito de todas as torcidas do Rio. Ele chegou a ser aplaudido por uma organizada do Vasco. “Nunca a torcida do Vasco me hostilizou. Ganhei um prêmio, uma coruja de mármore, dada pela Força Jovem. Minha mulher falou: ‘Você vai apanhar’. E eu: ‘Vou ser homenageado, como vou apanhar?’. Cheguei lá e deram uma vaia, tudo armado. Tremi um pouquinho, mas depois aplaudiram. Sou carinhosamente tratado lá”, contou ele ao Redação SporTV em 2016.
Bordões e Gírias
Lenda do rádio, Apolinho deixou sua marca na cultura futebolística brasileira, criando bordões que ainda são usados pelos torcedores. Entre os mais conhecidos estão: “chocolate” (para indicar goleada), “mais feliz que pinto no lixo”, “capinar sentado” e “briga de cachorro grande”.
Fonte: O Dia.
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