Túmulos abertos, covas em reuso e jazigos vandalizados, o estado de abandono do Cemitério Municipal de Paracambi é um assunto que vem gerando um debate entre a população. Entretanto, o descaso da prefeitura municipal com a memória de um ente querido tem ultrapassado o desrespeito.
Um dos casos que causou grande indignação nos moradores, foi sobre o corpo da mãe de Rosi Rezende. Em entrevista ao Paracambi Notícia, Rosi narrou sua indignação sobre o desrespeito com a memória de sua mãe. “Tudo começou quando eu e meu irmão fomos ao cemitério na última segunda-feira para trocar a placa da sepultura de nossa mãe, chegando lá, nos deparamos com um túmulo construído exatamente em cima da cova de nossa mãe. O que chocou a mim e a todos os meus familiares”
Dona Julia Rezende, mãe de Rosi, foi sepultada no dia 22 de setembro de 2021, há quase 2 anos atrás, sem ter atingido o tempo previsto para a retirada dos restos mortais, que é em média de 3 a 5 anos. De acordo com documento emitido no dia do sepultamento, consta como endereço da cova 292 quadra 8, que atualmente, está ocupado com uma nova construção.
Documento emitido no dia do óbito de Dona Julia que consta abertura da sepultura
Um fato que chamou atenção de Rosi, é que além da construção em cima do local de sepultamento de sua mãe, ao lado dela, existe outra do mesmo tamanho e formato, com inscrições no nome da família Benevenuto; que ao questionar um funcionário no local, afirmou que ambas pertencem ao mesmo grupo. “Eu e meu irmão ficamos pasmos com o que vimos no cemitério e com o desrespeito. Assim que fomos à Comdep, conversamos com Maicon e Vanessa, que são responsáveis pelo cemitério e confirmaram que a família Benevenuto tinha a propriedade do local, foi um choque”, completou ela.
De acordo com a testemunha a funcionária ainda afirmou que ultrapassa o domínio da Comdep os terrenos do cemitério e que não sabiam da existência de alguém enterrado no local. “Ficou em nosso coração a certeza do desrespeito que está acontecendo naquele local que guarda a memória de tantas pessoas queridas e de tantos paracambienses. Essa falta de respeito mexe com o sentimento das pessoas e famílias”, citou Rosi.
O caso da família Rezende não é isolado
Uma outra moradora da cidade, que preferiu manter o anonimato, contou ao Paracambi Notícia que passou pela mesma situação e que sua história com a Comdep já vem se arrastando por 15 anos. “Minha avó foi enterrada, construíram o túmulo com nome , foto, vaso pras flores, tudo direitinho. Até que um dia chegaram lá para limpar o túmulo e estava o nome e foto de outra pessoa no local. Fizemos DNA através de um perito e foi constatado que a ossada era de outra pessoa, uma situação muito triste que deixou a todos da minha família indignados”
O que dizem os envolvidos?
Procurados por inúmeras tentativas por nossa equipe, os responsáveis pela área na Comdep não emitiram nenhuma nota ou passaram algum posicionamento.
Um cemitério guarda a memória das pessoas e também de uma cidade, é um arquivo de toda a história da população de um município. Além disso, O artigo 210 do Código Penal descreve o crime de violação de sepultura, que pune com 1 a 3 anos de prisão, pessoas que cometam atos de desrespeito aos mortos, caracterizados pela violação ou profanação de sepulturas ou umas funerárias.
Por Paracambi Notícia
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