Dos 46 deputados federais da bancada do Rio de Janeiro, 28 não se posicionaram a favor da manutenção da prisão de Chiquinho Brazão, acusado pela Polícia Federal de ser um dos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco em 2018. Na votação de quarta-feira no plenário da Câmara, foram registrados 18 votos contrários à detenção, três abstenções e sete ausências — uma das faltas é referente ao próprio Chiquinho Brazão.
As ausências e abstenções foram orquestradas pelo Centrão para favorecer o parlamentar preso. No entanto, o esforço não deu resultado, e a prisão foi mantida com um placar de 277 votos favoráveis, 129 contrários e 28 abstenções. Eram necessários 257 votos para mantê-lo preso. Na ala dos faltosos está o vice-presidente do PT, Washington Quaquá.
Quaquá alegou ao GLOBO que não estava em Brasília devido a uma virose. Ele afirmou que, mesmo se estivesse em plenário, não participaria da votação, alinhado com o Centrão.
— Agora é buscar os instrumentos de defesa e acusação para ver quais são as provas — afirmou Quaquá, sem responder se concorda com a posição de seu partido a favor da prisão de Chiquinho Brazão.
Outro deputado ausente na sessão, o líder do Solidariedade na Câmara, Áureo Ribeiro, declarou-se favorável à prisão:
— Saí da sessão para tomar uma medicação, mas estou com a minha consciência tranquila porque fiz meu papel: orientei a bancada a votar a favor.
Além de Ribeiro e Quaquá, se ausentaram Soraya Santos (PL), Luís Carlos Gomes (Republicanos), Marcos Soares (União Brasil) e Marcelo Crivella (Republicanos). No caso de Crivella, ele estava em plenário momentos antes da votação e, durante a apreciação do caso na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), posicionou-se pela derrubada da prisão. Já os parlamentares do PP — Bebeto, Doutor Luizinho e Julio Lopes — se abstiveram. Procurados, não informaram o motivo.
Entre os votos pela derrubada da prisão estão o da ex-ministra do Turismo Daniela do Waguinho (União Brasil), do pré-candidato à prefeitura do Rio, Otoni de Paula (MDB), e Gutemberg Reis (MDB). Otoni de Paula defendeu em sessão na CCJ não haver provas contra Chiquinho Brazão.
Gutemberg Reis citou o artigo da Constituição Federal que afirma que deputados federais só podem ser presos em flagrantes de crimes inafiançáveis.
Chico Alencar (PSOL) criticou os conterrâneos que foram contrários a punir Brazão:
— Só 18 deputados do Rio votaram a favor da manutenção da prisão, isso mostra o enraizamento de uma forma criminosa de fazer política. Não ter o apoio de dois terços da bancada mostra a força de um esquema muito forte que contamina todas as instituições: a milicialização da política.
Fonte: Extra.
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