Nesta quinta-feira (8), uma operação da Polícia Federal (PF) foi realizada com o objetivo de investigar uma organização criminosa envolvida na tentativa de golpe de Estado, tendo como um dos principais alvos o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Contra ele, foram tomadas medidas restritivas, incluindo a proibição de deixar o país e a obrigação de entregar seu passaporte em 24 horas, além da proibição de comunicação com outros investigados.
De acordo com informações da PF, estão sendo executados 30 mandados de busca e apreensão, quatro mandados de prisão preventiva e 48 medidas cautelares diversas da prisão. Dentre os alvos dos mandados de busca e apreensão, estão aliados do ex-presidente, como Braga Netto, Augusto Heleno, Paulo Sérgio Nogueira, Anderson Torres, Valdemar Costa Neto, Almir Garnier e Tercio Arnaud.
Os agentes da PF estiveram na residência do ex-chefe do Executivo, localizada em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro, onde apreenderam o celular de um de seus assessores, Tercio Arnaud Thomaz.
Bolsonaro declarou: “Saí do governo há mais de um ano e sigo sofrendo uma perseguição implacável. Me esqueçam, já tem outro governando o país”.
Em uma comunicação à Coluna de Mônica Bergamo, o ex-presidente afirmou estar se informando sobre os detalhes da operação da PF e que, por isso, não poderia fazer mais declarações, enquanto o advogado e assessor de Bolsonaro, Fabio Wajngarten, assegurou que o ex-presidente cumprirá a determinação do ministro Moraes, entregando seu passaporte: “Em cumprimento às decisões de hoje, o Presidente @jairbolsonaro entregará o passaporte às autoridades competentes. Já determinou que seu auxiliar direto, que foi alvo da mesma decisão, que se encontrava em Mambucaba, retorne para sua casa em Brasília, atendendo a ordem de não manter contato com os demais investigados”.
Agentes da Polícia Federal estão executando medidas judiciais emitidas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em diferentes estados do país, incluindo Amazonas, Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Ceará, Espírito Santo, Paraná, Goiás e no Distrito Federal.
Quanto aos quatro indivíduos alvos de mandados de prisão, destacam-se Rafael Martins de Oliveira, Filipe Garcia Martins, Marcelo Costa Camara e Bernardo Romão Corrêa Netto.
A ação recebeu o nome de “Tempus Veritatis” pela Polícia Federal, que significa “hora da verdade” em latim. Segundo a PF, nesta fase das investigações, o grupo em questão se fragmentou em diferentes núcleos com o propósito de disseminar a alegação de fraude nas Eleições Presidenciais de 2022, antecipadamente à realização do pleito, com o intuito de promover e legitimar uma intervenção militar, utilizando estratégias de milícia digital.
O primeiro foco envolveu a elaboração e disseminação de acusações de fraude nas Eleições de 2022, através da propagação de supostas vulnerabilidades do sistema eletrônico de votação, um discurso que vem sendo repetido pelos investigados desde 2019 e persistiu mesmo após os resultados do segundo turno das eleições em 2022.
O segundo foco de atuação envolveu a realização de ações para subsidiar a derrubada do Estado Democrático de Direito por meio de um golpe de Estado, com o apoio de militares com habilidades e táticas de forças especiais, em um contexto politicamente delicado.
O Exército Brasileiro está acompanhando a execução de alguns mandados em apoio à Polícia Federal. Segundo as autoridades, os eventos investigados possivelmente configuram crimes de organização criminosa, subversão violenta do Estado Democrático de Direito e tentativa de golpe de Estado.
A seguir, os alvos da operação:
– Walter Souza Braga Netto, ex-ministro da Defesa e candidato a vice de Bolsonaro em 2022;
– Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI);
– Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e Segurança Pública;
– General Paulo Sérgio Nogueira, ex-comandante do Exército;
– Almirante Almir Garnier Santos, ex-comandante-geral da Marinha;
– General Estevam Cals Theóphilo Gaspar de Oliveira, ex-chefe do Comando de Operações Terrestres do Exército;
– Tércio Arnaud Thomaz, ex-assessor de Bolsonaro e considerado um dos pilares do chamado “gabinete do ódio”;
– Filipe Martins, ex-assessor especial de Bolsonaro;
– Marcelo Câmara, coronel do Exército citado em investigações como a dos presentes oficiais vendidos pela gestão Bolsonaro e a das supostas fraudes nos cartões de vacina da família Bolsonaro;
– Rafael Martins, major das Forças Especiais do Exército;
– Bernardo Romão Corrêa Netto, coronel do Exército;
– Ailton Gonçalves Moraes Barros, capitão reformado do Exército expulso após punições disciplinares;
– Amauri Feres Saad, advogado citado na CPI dos Atos Golpistas como “mentor intelectual” da minuta do golpe encontrada com Anderson Torres;
– Angelo Martins Denicoli, major da reserva do Exército que chegou a ocupar cargo de direção no Ministério da Saúde na gestão Eduardo Pazuello;
– Cleverson Ney Magalhães, coronel do Exército e ex-oficial do Comando de Operações Terrestres;
– Eder Lindsay Magalhães Balbino, empresário que teria ajudado a montar falso dossiê apontando fraude nas urnas eletrônicas;
– Guilherme Marques Almeida, coronel do Exército e ex-oficial do Comando de Operações Terrestres;
– Hélio Ferreira Lima, tenente-coronel do Exército identificado em trocas de mensagens com o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro
– Mauro Barbosa Cid;
– José Eduardo de Oliveira e Silva;
– Laércio Virgílio;
– Mario Fernandes;
– Ronald Ferreira de Araújo Júnior;
– Sergio Ricardo Cavaliere de Medeiros.
Fonte: O Dia.
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