A partir desta sexta-feira, o valor da passagem do metrô no Rio de Janeiro será aumentado de R$ 6,90 para R$ 7,50. Este reajuste, que ultrapassa o estipulado no contrato, será aplicado devido a uma série de fatores. Além do aumento de 4,5% registrado no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) entre janeiro de 2023 e 2024, que é a base para o reajuste, será adicionado mais trinta centavos ao valor da tarifa. Desde 2022, esse valor adicional era subsidiado pelo governo do Estado como forma de oferecer desconto aos passageiros, porém, este ano, com a interrupção desse subsídio, esse valor será incorporado ao preço final do bilhete. Na prática, isso significa um aumento de 8,6% no custo da viagem.
Segundo a Secretaria Estadual de Transporte e Mobilidade Urbana (Setram), a transferência temporária desses trinta centavos foi uma medida adotada para “mitigar o reajuste tarifário previsto na época, que teria correção pelo IGPM”, levando em consideração também “a crise econômica causada pela pandemia da Covid-19”. A suspensão desse repasse aconteceu após uma negociação realizada no ano anterior, que estabeleceu o IPCA como índice para o reajuste da tarifa, o qual é mais baixo que o IGPM. Assim, o reajuste desta sexta-feira incide sobre os R$ 7,20, valor cheio autorizado pela agência reguladora (Agetransp) em 2023, ao invés dos R$ 6,90 que vinham sendo cobrados anteriormente.
Para os beneficiários da tarifa social, não haverá mudanças por enquanto. O governo do Estado estendeu o benefício, mantendo o valor de R$ 5 até abril de 2025, conforme publicado em edição extra do Diário Oficial na noite desta quinta-feira. Para ter direito à tarifa mais barata, é necessário ter entre 5 e 64 anos, renda mensal declarada inferior ou igual a R$ 3.205,20, e possuir um cartão Riocard Mais cadastrado no Bilhete Único Interestadual, vinculado ao CPF do usuário. Estudantes e trabalhadores informais também têm direito ao benefício.
Apesar dos debates sobre os reajustes e concessões de descontos, o metrô do Rio de Janeiro continua a ter a tarifa mais alta do Brasil, considerando o preço total cobrado diretamente dos consumidores. Isso se deve em parte aos subsídios concedidos pelos governos estaduais. Estudos indicam que, em média, até 30% do valor das passagens é subsidiado pelos governos em outros estados com sistemas de metrô. Esse nível de subsídio em relação ao preço do bilhete pode variar de cerca de 44% em São Paulo a 66% em Salvador e 54% em Brasília.
Quando se fala em aumento da tarifa, é natural que surjam questionamentos sobre a relação custo-benefício do transporte. Para avaliar as condições enfrentadas pelos usuários, o GLOBO realizou uma análise das linhas que conectam a cidade. Durante essa avaliação, constatou-se que, embora o metrô ofereça viagens mais rápidas e confortáveis em trens com ar-condicionado, muitos cariocas ainda enfrentam dificuldades, como acesso complicado às estações, calor nas plataformas, vendedores ambulantes nos vagões, falta de informações sobre horários de trens e longos intervalos entre as composições em diversas estações.
A análise teve início na estação Central do Brasil com destino à Pavuna, a última parada da Linha 2, na Zona Norte. Durante o percurso, não foram observados monitores que informassem sobre o tempo estimado para a chegada dos próximos trens, a partir da estação Cidade Nova. Na estação Pavuna, apenas um dos dois portões de acesso estava disponível.
Ao retornar, com destino a Botafogo, na Zona Sul, uma simples parada em Del Castilho ou São Cristóvão, por volta das 16h, resultou em uma espera de aproximadamente 10 minutos entre um trem e outro. Além disso, o calor do Rio também é uma realidade nas plataformas, onde nem todos os ventiladores estão funcionando. No interior dos vagões, a fiscalização dos trilhos deixa a desejar.
No trajeto entre Botafogo e Jardim Oceânico, outra estação final do metrô, agora na Zona Oeste, é frequente encontrar estações movimentadas. Para agilizar o posicionamento, em muitas delas, foram instaladas esteiras e escadas rolantes. Contudo, é preciso ter sorte para encontrá-los funcionando. Na estação Cardeal Arcoverde, em Copacabana, nenhuma das esteiras estava em operação. Já na Siqueira Campos, uma escada rolante estava parada.
Ao ser questionada sobre os problemas relatados pela reportagem, a expedição do MetrôRio afirmou que “cumpre a nota dos trens contratuais, com mais de 95% da oferta programada” e que “realiza regularmente revisões gerais e manutenção preventiva e corretiva dos equipamentos de acessibilidade, como escadas rolantes e elevadores”, possuindo “cerca de 400 aparelhos em funcionamento”.
A empresa também garante que “todas as suas 41 estações estão equipadas com dispositivos de mobilidade e acessibilidade, como elevadores, plataformas verticais, plataformas inclinadas, escadas rolantes ou tapetes rolantes” e que “os profissionais que trabalham nas estações são treinados para oferecer atendimento adequado às pessoas com deficiência e/ou mobilidade reduzida em qualquer situação”. Sobre a escada na estação Siqueira Campos, a empresa informou que “aguardava a chegada de uma peça e que o reparo do equipamento está em andamento”.
Em relação ao comércio ilegal de produtos dentro dos trens, o MetrôRio declara que seus “agentes de segurança são orientados a remover os ambulantes do sistema metroviário de forma importadora, com o objetivo de manter a ordem no sistema e a qualidade do serviço prestado aos clientes” .
Fonte: Extra.
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